domingo, 12 de setembro de 2010

me conte tudo o que você me contou ontem. repita tudo, com cada detalhe. aliás, tem um detalhe que você precisa acrescentar: lembre-se de que agora sou eu que estou aqui na sua frente. não aquela, essa. agora sou eu. e agora é você. e eu quero saber tudo de novo, quero ouvir tudo de novo, mas agora eu me darei o direito de fazer perguntas, interrupções na tua história - que, na minha estória, poderia ser com "e" também. quero saber do teu passado e prever o teu futuro, mesmo sabendo que isso é impossível. quero rodar um colar na tua mão e descobrir quantos filhos você ainda vai ter. comigo. filhas? filha?

eu quero que você sofra sem saber quando vai me ver. e que descubra, nos primeiros cinco minutos de sofrimento, que eu acabei de chegar em casa; quero que você me espere de braços cruzados e de cara amarrada e que depois me leve na porta com os braços ao meu redor sem me deixar ir embora. quero que o mundo acabe todas as vezes que você brigar comigo e que ele exploda a cada mensagem sua dizendo que me ama. eu quero toda a sacanagem, todo o prazer de estar com você na cama. todo bate papo infinito, todos os teus sorrisos, todas as tuas lágrimas...quero toda a tua arte, as tuas cores, tua beleza imensurável, todo o exagero que é você.

e o mais importante de tudo: quero que esse despertador nunca toque!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"quem nunca amou não merece ser amado."

existe uma complexidade dentro de mim que muitas vezes nem eu consigo entender. logo eu, que me cobro tanto essa consciência. vai ver é por isso. talvez algumas coisas, para serem compreendidas, devam ser analisadas através do inconsciente - e pra isso serve meu divã uma vez na semana as sextas-. mas não, eu sou durona demais para me deixar levar por essa explicação.

nos últimos meses precisei me confrontar com muitas questões, muitas certezas e dúvidas que eu nem me lembrava que existiam. um medo pra cá, uma mentira pra lá, uma certeza no bolso, uma dúvida fazendo calo no pé... usando uma analogia até dispensável, minhas roupas não me cabem mais: cresci demais. precisei crescer demais. comi os bolinhos de alice e estou com algumas portas à frente para abrir. vez por outra o coelho passa por mim me lembrando do atraso, e isso aumenta a minha ansiedade. ainda me sinto muito desajeitada nesse corpo grande, mas aos poucos as coisas parecem se ajustar. a roupa ja nem aperta tanto, e o sapato parou de machucar. me sinto cada vez mais confortavel, capaz de ir adiante.
me sinto cada vez menos presa a um corpo que não me pertence. me sinto cada vez mais minha. minha mãe, minha filha, minha irmã, minha menina.. mas tenho descoberto que sinto falta de muitas coisas que não imaginava. de lugares em que nunca estive, momentos que nunca vivi... e isso ainda me enfraquece. deve fazer parte da fórmula dos bolinhos. tipo efeitos colaterais.

nessas horas desejo ter semeado algo mais que vento. não aguento mais colher tempestades...