sexta-feira, 30 de novembro de 2007

saída de emergência

meu sonho foi estranho.
era tudo muito parado e desconexo
eu andei em câmera lenta por quilômetros e quilômetros
uma eterna e repetitiva rotina.
um rosto no espelho me parecia familiar.

olhos e ouvidos que não são meus,
frases que eu disse e que não sei de onde vieram.
horas em que morei num corpo que não era meu.

tentei varias vezes acordar.
era um daqueles sonhos que mais parecem realidade.

mais tarde deitei numa cama, num quarto estranho.
finalmente acordei.
quase sem ar, acordei.
voltei ao meu mundo.
me sinto vivo, forte, firme.
minha realidade é minha.
só minha.



não consigo mais repetir esse pesadelo.
não posso mais dormir.
agora me mantenho eternamente acordado...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

uma.
duas.
três, quatro, cinco.
essas foram as vezes que o despertador precisou pra tentar me fazer sair da cama.
e a cada vez que o toque matutino cantarolava eu tinha vontade de pegar o telefone, olhar bem no alto-falante dele e dizer:
-meu amigo, que parte do 'eu não quero levantar hoje' você ainda não entendeu?
mas ia parecer loucura. então eu só apertava qualquer botão, largava ele na cama e virava de lado.
eis que finalmente ele me convence que, melhor do que ficar na cama, seria levantar, ir fazer xixi e voltar pra cama -sim, porque a bexiga cheia estava atrapalhando o meu sono.
okay,okay... eu não vou levantar e deitar de novo, certo?
errado. eu deitei.

só mesmo a força de um "você não vai pra aula hoje, bárbara?" pra me fazer levantar.
levantei -ufa!.
banho, café da manhã, trânsito...

e nessa hora eu adoraria escutar:
"todo dia ela faz tudo sempre igual..."
mas o máximo que consegui foi:
"se a tristeza fosse tanta que permanecesse muda, então seria pior..."
um silêncio mórbido se fez entre mim e mim.
silencio?
mudo?
"aaaaaahhh!" - um grito, só pra quebrar.
troca o cd, põe guitarras pra gritar que jaja fica tudo bem.


aula, aula, aula...
"-me empresta o celular? preciso desbloquear a ultima fase..."
"-meu deus, você não enjoa disso?"
"-não..."
duas aulas depois:
"-toma. zerei. enjoei."


almoço no shopping, umas caras feias, outras conhecidas...
corro pro consultório da minha psicóloga..
"pronto.. agora é só esperar uma hora e daqui a pouco alguém me salva..."

ufa.
cinquenta minutos pra falar compulsivamente enquanto ela me olha com aquela cara de "calma, uma coisa de cada vez..."
"ta, a semana foi péssima e aconteceram milhões de coisas horríveis!"
...
"bah.. não aconteceram tantas coisas horríveis..."
...
"ta... aconteceram umas coisas, mas nem foram tão horríveis..."
...
"ah, quer saber?! eu tou em crise!"
e, cinquenta minutos depois:
"hahahaha, você ta dizendo que a minha cabeça não funciona? ahn? hunft..." - entendam isso como um final de consulta positivo.

uns abraços, umas conversas, uns vídeos no youtube e as coisas parecem melhorar.
(viu? não foi 100%, mas...)


mais abraços, mais conversas e agora muito, muito suor.
é um peso uma risada. uma corrida uma novidade. uma subida uma respiração.
-é, eu tava malhando-
e como num passe de magica, tudo saiu pelos poros, junto com o suor.
e como é bom sentir esse prazwer, essa lavagem...



é, fim do dia.
tive uma crise diário hoje.